Aos 17 anos me tornei uma nietzscheana obsessiva. Esta dedicação durou até minha tese de mestrado quando eu tinha vinte e poucos anos. N. não foi para mim um mestre filosófico, mas antes um alguém que ajudou a forjar meu caráter e minha visão de mundo.O mais importante no meu mergulho em N., foi a compreensão da potência humana. Não creio que N. tenha sido propriamente um ateu, só acho que ele deslocou o centro do mundo para o homem, reforçando nossa humanidade, que se entende por falibilidade, imperfeição e mortalidade, face ao Deus anti-humano do Novo Testamento. A obra de N. é uma celebração do homem. Vivemos, ou deveríamos viver, já que Sócrates e o cristianismo nos serviram como obstáculos, para sentir o mundo, com intensidade. Buscar nele nossa expansão como humanos e nossa completude. É o mundo dionisíaco dos sentidos se sobrepondo ao racionalismo apolíneo. Não há nada de nihilismo nisto. É reforçar apenas as inúmeras possibilidades da vida, e de vivê-la de maneira intensa.
O que N. não pode me responder foi sobre a possibilidade da completude , via potência, ser possível como um ato solo. Se levar ao limite, nos sentidos e na intelectualidade, é negar a existência do outro, se auto-completando, ou a completude só é possível no outro?
É a solidão requisito não da vontade mas da potência?

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