quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ao Antony

Antony, não é fácil ser aquilo que esperam da gente, mas também é difícil sermos o que não esperam. No primeiro somos decepção pelo que não podemos alcançar; no segundo, por sequer sermos depositários das esperanças alheias. São dores diferentes, mas ambas intensas. Também sou como sua irmã. Esperaram muito de mim e vivo uma frustração dupla - nunca fui o imaginado, mas também não consegui ser o que me imaginei. Fiquei em um limbo, em uma espécie de eu possível, mutilado, moldado de maneira imperfeita. Do outro lado , há pessoas como você, que embora tentem viver sem o espelho do outro, ainda sim são infelizes, porque têm a liberdade de não ser o imaginado, mas não são o que imaginaram...... E, no final, meu amigo, somos todos infelizes, porque nunca somos nem o imaginado nem o que imaginamos. E, pior, por mais que digamos não, o outro importa sim, uma vez que é na relação com ele que nos tornamos humanos.... Talvez devamos simplesmente aceitar este eu possível, construído sempre na relação do eu com outro, entre o que esperam de nós e o que esperamos de nós mesmos.
Como uma estratégia de sobrevivência em uma vida na qual perseguimos um sentido menos mundano, menos ordinário, procuramos nos ver como alguém especial, diferente, não entendido. Mas somos todos diferentes e vamos sempre nos sentir incompreendidos. É a nossa miséria, mas também nossa salvação - somos todos iguais na nossa diferença e solidão....
Respondo seu post, de maneira pública, em meu blog, por compartilhar de seus sentimentos, mas também para dizer que se eu não tivesse perdido meu filho, gostaria muito que ele fosse como você. A mesma inteligência, a sensibilidade, a ironia entre o fino e o debochado, a vivacidade do seu espírito, o repúdio da auto-indulgência.... Você é maravilhoso, e se não foram capazes de perceber isto, outros o percebem. Para alguém, como eu, você está além do imaginado e é apenas o Antony possível, a quem amamos tanto.
Com a bênção de nossa musa rapaz, "se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar".

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Rezas - o saber popular, se é que existe, claro! rsrsrs


Minha mãe herdou da mãe de um amigo do meu irmão (complicado...) um livro de rezas, chamado "com Deus me deito, com Deus me levanto". A referida senhora era uma benzedeira conhecida, católica, e o filho dela deu o livro para minha mãe quando ela morreu. Não que mami tenha talento pra coisa, mas como sinal de consideração e afeto.

Bem, folheando o tal livro, descobri que há reza contra arma de fogo (tem até o desenho de uma garrucha chumbeira! rsrsrs), para fechar o corpo, pra se livrar de inimigos, para questões climáticas (contra chuva forte, relâmpago, pra livrar dos astros (?)), para incêndio (p q bombeiro, né?), e o melhor de tudo: a categoria animais. Tem, acredite, reza contra bicho mau, para livrar de mordida de cachorro (já tá na minha cabeceira...), contra gado bravo e vaca brava (vaca é categoria à parte, deve ser pq é mulher! kkkkk), para marimbondo não picar. Na categoria doenças: reza contra a peste, dor de dente, pereba (eca!), engasgação, cólica, espinhela caída e por aí vai.....

Vou dar uma pequena amostra da sabedoria católica popular, com a oração contra a tentação. Convenhamos que como a vida é só isto, por isto estamos sempre acima do peso, invejando o vizinho e cometendo outros pecados, no final das contas, como diria Wilde, tudo o que é bom nesta vida ou é ilegal, ou imoral ou engorda......kkk Então, uma oração pra todas as manhãs...


'Santo Antônio é meu padrinho,
Nossa Senhora é minha madrinha.
Sete anjos me acompanham.
Três tochas me alumeiam.
Cruz, credo.
O demônio não me atenta,
nem no deitar nem no levantar,
nem no andar nem no pensar,
nem na hora da minha morte,
nunca mais me atentareis."


Sem mais comentários......

sábado, 17 de janeiro de 2009

O Livro dos Prazeres


Li este livro na adolescência. Não sei qual significado teve para mim naquela época. Sei que gostei. O reli esta semana. Apesar da beleza indiscutível do livro e de seu substrato existencial, fiquei imensamente incomodada com o que li. Já fui Lory e tive meu Ulisses. "Apenas" uma mulher.....Aprendiz...
Bem, está na hora de reler Simone de Beauvoir.... Enquanto isto, estou me divertindo com as histórias eróticas de Anais Nin. É possível ser mais mulher.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Aprendizado...

Diz a lenda, que amar é doar-se ao outro. É entrega, sem esperar nada em troca... Então, tá! Aprendi que o nada é literal! Vc não recebe nada mesmo! kkkkkkkkkkk
Nestes últimos meses, tenho aprendido:

- que "apesar de", por teimosia, quero viver;
- que se aperfeiçoar não é se mutilar;
- que, como diria o Rappa, paz sem voz não é paz, é medo;
- que vc só conhece as pessoas quando precisa delas;
- que um erro apaga uma vida;
- que vc nunca vai ser suficientemente bom;
- que o orgulho cega e impede auto-crítica;
- que, para algumas pessoas, como diria Lispector, a vida pode não passar de um amontoado de coisas e seguranças. Pior, aprendi que as coisas podem ser a segurança de muitos e que a segurança pode ser o medo da vida;
- que a gratidão é um dom, pra poucos, é verdade....;
- que as pessoas que vc menos espera são as que te amparam. Algumas simplesmente ressurgem, outras surgem do nada;
- que o conflito e a diferença não fazem do mundo um campo de guerra;
- que, usando as palavras sábias de Antonio Roberto, consultor de comportamento, tudo não passa de problema do self e é preciso se amar mais!
- que há diferença entre querer a aprovação do outro e necessitar dela;
- que ninguém pode ser sua razão de viver. Amar não é se ausentar de si mesmo!

E, finalmente, que a gente erra mesmo, quebra a cara, cai e levanta, fere nossos princípios, se culpa, mas.... amar é o ato mais humano de todos. E qual pode ser a nossa maior pretensão senão a de ser humanos?

Descoberta

A Suely é uma cantora e compositora que descobri há pouco. É meio fossa também, mas divertida. Ela sabe rir da própria dor. Basta olhar a letra de Mertiolate, que ela canta para os corações ralados! rsrsrsr Para quem não conhece, gosto da letra abaixo. Acho que meu amigo Antony também vai adorar!


ON THE ROCKS
suely mesquita

é um poema ensangüentado
que me corre pelas veias
meu coração é uma empada
recheada de canções de cabarés
ou um vulcão on the rocks
drinque passional de fogo frio
sou um vulcão on the rocks
queimo sem fumaça e sem pavio
entre as paredes descascadas
do castelo onde eu viviaos candelabros são aranhas
penduradas numa teia de cristal
sou um vulcão on the rocks
drinque passional de fogo frio
sou um vulcão on the rocks
queimo sem fumaça e sem pavio
num exagero discreto
toco de longe como se fosse de perto
escondo a dor e o sorriso
num escândalo quieto
meu encanto é desse tipo

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dança de salão!

Comecei minhas aulas de dança de salão ontem! Logo no primeiro dia, elogios do prof. ao meu samba. Deve ser o sangue...rrsrrs Também estou "fazendo bonito" na salsa! A única coisa dura de engolir é o forró, mas até que estou indo, com a ajuda do meu parceiro, Eugênio, que conheci na academia. Ele já sabe que eu sou mandona e difícil de se deixar conduzir e se diverte com isto. Até que hj fui menos rebelde...rsrsrs
Para quem nunca tentou, equivale a muitas sessões de análise!!!!!! Dane-se o preconceito!!!!!!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

N., Gadamer e a Pirelli

Falando em potência e em hermenêutica (rsrsrs), lembrei-me de uma propaganda de pneus que dizia "Potência sem controle não é nada". Concordo plenamente. Potência sem controle, intelectualmente, é promessa. No cotidiano, desequilíbrio, falta de suavidade, crueldade em relação ao outro, transformar o mundo em um front de guerra e o outro em seu inimigo. Isto sim é nihilismo.......

O mundo como vontade de potência

Aos 17 anos me tornei uma nietzscheana obsessiva. Esta dedicação durou até minha tese de mestrado quando eu tinha vinte e poucos anos. N. não foi para mim um mestre filosófico, mas antes um alguém que ajudou a forjar meu caráter e minha visão de mundo.
O mais importante no meu mergulho em N., foi a compreensão da potência humana. Não creio que N. tenha sido propriamente um ateu, só acho que ele deslocou o centro do mundo para o homem, reforçando nossa humanidade, que se entende por falibilidade, imperfeição e mortalidade, face ao Deus anti-humano do Novo Testamento. A obra de N. é uma celebração do homem. Vivemos, ou deveríamos viver, já que Sócrates e o cristianismo nos serviram como obstáculos, para sentir o mundo, com intensidade. Buscar nele nossa expansão como humanos e nossa completude. É o mundo dionisíaco dos sentidos se sobrepondo ao racionalismo apolíneo. Não há nada de nihilismo nisto. É reforçar apenas as inúmeras possibilidades da vida, e de vivê-la de maneira intensa.
O que N. não pode me responder foi sobre a possibilidade da completude , via potência, ser possível como um ato solo. Se levar ao limite, nos sentidos e na intelectualidade, é negar a existência do outro, se auto-completando, ou a completude só é possível no outro?
É a solidão requisito não da vontade mas da potência?

Gadamer e a amizade

Na tradição hermenêutica gadameriana compreender é também um ato de interpretação. E interpretar implica, necessariamente, em produzir um novo texto. E como todo ato desta natureza, só é possível se consideramos o sujeito em sua historicidade. Em outras palavras, a compreensão é um ato egoísta - compreender é compreender a si mesmo.
Neste sentido, quando dialogamos com uma pessoa, na verdade se trata de dois monólogos. O que o outro entende não é obviamente o que dizemos ou pensamos que dizemos - não é possível, portanto, apreender a intenção daquele que fala. Das palavras do outro, fazemos um texto a partir de nós mesmos. Poderia falar em significante e significado na perspectiva saussureana, mas acho o "egoísmo" gadameriano mais interessante. Quando digo compreendi é porque consegui me projetar naquele emaranhado de palavras.
É por isto que às vezes você escreve ou diz coisas querendo amenizar uma situação ou expressar sentimentos a outrem e este encara como uma agressão ou faz uma leitura da sua fala que te leva a exclamar: meu deus, de onde ele tirou isto?
Perdi uma amizade hoje (talvez nunca a tenha tido) porque não houve diálogo. Quando em dois monólogos você se dispõe a se colocar no lugar do outro.... A antropologia chama a isto de "olhar antropológico" ou simplesmente relativização.
Não existe, portanto, uma interpretação literal, porque as palavras não são literais - não há sentido unívoco ou um texto que não dependa de um contexto.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Domingo Legal.....

O dia começou animado.....Minha avó teve um avc...Meu avô não percebeu....Mas papi viu que ela estava meio tortinha... De qualquer modo, apesar de internada, parece que foi leve e está bem.
Hoje me dividi entre as leituras de Castelo Branco (Agulha num Palheiro) e de Antonio Negri (Fabrique de Porcelaine). O romantismo de um contraposto ao materialismo marxista de outro..rsrsrs Pelo menos Negri é um marxista heterodoxo. Vale a pena a leitura do livro, especialmente o Atelier 3 (Entre la globalisation et l' exode: la paix et la guerre) e o Atelier 6 ( Différence et résistance: de la reconnaissance de la césure postmoderne à la constitution ontologique de l'a-venir).
O final da noite foi bem mais pós-moderno que Negri poderia imaginar... Aproveitei a noite de chuva para ver um dvd do Nelson Gonçalves, bebendo espumante (do casamento de uma amiga das minhas irmãs....rsrsrs ) e costurando algumas peças de roupas! Claro que na cia de mami, alguns cachorros e uns gatos.....
Acho que a tal felicidade está mesmo nestas pequenas coisas....Quer prazer maior do que ver um cerzido perfeito?

A musa do meu blog : Maysa


Meu mundo caiu
E me fez ficar assim

Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí


Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar


Prestem atenção no apresentador perguntando do carnaval do rio pra ela! kkkkkk Logo pra musa da fossa....

http://www.youtube.com/watch?v=BgkEb_EHaP0

sábado, 3 de janeiro de 2009

Para quem quiser me conhecer! Jamaica and England! rsrsrs


You Know I'm No Good
Amy Winehouse

Meet you downstairs in the bar and hurt
Your rolled up sleeves in your skull T-shirt
You say "why did you do it with him today?"
And sniffed me out like I was Tanqueray'
Cause you're my fella, my guy
Hand me your Stella and fly
By the time I'm out the door
You tear men down like Roger Moore

I cheated myselfLike
I knew I would
I told you I was trouble
You know that I'm no good

Upstairs in bed with my ex-boy
He's in a place, but I can't get joy
Thinking on you in the final throes
This is when my buzzer goes
Run out to meet your chips and pitta
You say when "we're married",'
Cause you're not bitter"
There'll be none of him no more"
I cried for you on the kitchen floor

I cheated myself
Like I knew I would
I told you I was trouble
You know that I'm no good

Sweet reunion, Jamaica and Spain
We're like how we were again
I'm in the tub, you on the seat
Lick your lips as I soak my feet
Then you notice a likkle carpet burn
My stomach drop and my guts churn
You shrug and it's the worst
Who truly stuck the knife in first

I cheated myself
Like I knew I would
I told you I was trouble
You know that I'm no good

I cheated myself
Like I knew I would
I told you
I was troubled
Yeah, you know that I'm no good

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Meu passado me condena


Sou uma intelectual, reconheço, apesar da resistência a estes rótulos simplistas, que facilitam a vida. Mas confesso: adoro música latina. Não posso ouvir uma salsa que surto e fico ótima naqueles vestidos estampados e naquelas saias rodadas ridículas!
Em homenagem ao meu passado de lambadeira, com muito orgulho, faço uma reverência aos meus antigos ídolos: Kaoma!
Pra quem nunca viu, recomendo o "clássico" Lambada, a dança proibida. rsrsrs

http://www.youtube.com/watch?v=5AfTl5Vg73A

Alguém tem uma bússola?


Em menos de uma ano, meu mundo caiu. Minha vida era aparentemente perfeita e agora não sei se a vida que não era perfeita ou eu que joguei tudo fora mesmo. Como não sei a resposta, pago uma analista para me perguntar exatamente o que eu me pergunto - quem sou eu, de onde vim e para onde vou...rsrsrs Continuo não tendo a menor noção mesmo do que fazer, como começar ou recomeçar, sei lá, então eu pergunto: alguém tem uma bússola?